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Festival de Folclore Notícias
06/08/2019

Inclusão foi destaque do 47º Festival Internacional de Folclore

Grupo folclórico de Nova Petrópolis se apresentou com deficientes físicos e portadores de necessidades especiais

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FOTOS: Mauro Stoffel | Fábio Grison

O lema do Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis, “A diversidade é o que nos une”, foi celebrado de forma surpreendente no Palco da Diversidade em 2019. Além das 42 manifestações folclóricas nacionais e internacionais que brilharam no Palco da Diversidade, o grupo Volkstanzgruppe Edelstein, de Nova Petrópolis, apresentou o espetáculo “A Dança do Coração” emocionando o público que lotou a Rua Coberta na penúltima noite do festival, encerrado no dia 4 de agosto. O público aplaudiu de pé, em diversas ocasiões, as coreografias do grupo, que contaram com a participação de 11 convidados, entre eles cegos, surdos, mudos, pessoas com síndrome de down e com deficiência física.

         Em sua 47ª edição, o Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis inovou ao implementar a Língua Brasileira de Sinais. Dessa maneira iniciou um festival que foi marcado pela inclusão. Os dois deficientes visuais que se apresentaram com o grupo A Grito Pela’o Tradiciones Ticas, da Costa Rica, reforçaram ainda mais essa característica do evento, que há anos conta com a participação do Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Sol Nascente, formado por alunos e professores da APAE de Nova Petrópolis e com as apresentações do Böhmerlandtanzgruppe, também de Nova Petrópolis, que inclui dois integrantes com síndrome de down em sua categoria infantil.

         Os 30 anos da Associação dos Grupos de Danças Folclóricas Alemãs de Nova Petrópolis, entidade proponente do evento, foi o tema do festival desse ano e o Volkstangruppe Edelstein, grupo que integra a associação, promoveu a união do tema do festival com a característica inclusiva de forma sensível e emocionante. Os integrantes do grupo apresentaram no Palco da Diversidade o espetáculo “A Dança do Coração”, desenvolvido para incluir 11 convidados especiais: cegos, surdos, mudos, pessoas com síndrome de down e com deficiência física. Desde o primeiro minuto do espetáculo, até seu encerramento, o que se viu no Palco da Diversidade foi uma fantástica celebração do folclore e da inclusão, na qual todos os dançarinos eram rigorosamente iguais em matéria de entusiasmo e alegria.

         “Posso dizer que, por alguns minutos voltei a enxergar. Foi esse o sentimento que tive ao pisar novamente no palco do Festival Internacional de Folclore com meu grupo. Me senti igual a todo mundo naquele momento e foi muito especial para mim dançar ao lado da minha filha. Sou muito grato ao Edelstein por me dar essa oportunidade de voltar a participar. Agora quero seguir dançando com eles”, revelou Adelar Marcos Arend, de 46 anos, que perdeu a visão em decorrência de um acidente de trabalho em 2007 e voltou a se apresentar com o Volkstanzgruppe Edelstein 12 anos depois.

         A experiência de Adelar foi compartilhada por milhares de pessoas, que lotaram a Rua Coberta para assistir a apresentação do grupo da localidade de Fazenda Pirajá. O frio de 6 Cº que fez na noite de sábado, 3 de agosto, só pode ser lembrado pelos casacos e toucas vestidos pelas pessoas da plateia, que emanava calor a cada sonora salva de palmas. Foram muitos aplausos, manifestação comum nas apresentações do Festival Internacional de Folclore, porém, naquela noite, o público se pôs de pé para aplaudir logo na primeira dança apresentada pelo grupo, era o anúncio de que algo especial estava por vir.

         O deficiente visual André Werkhausen Boone, de 26 anos, foi um dos protagonistas do espetáculo do Edelstein e descobriu em sua primeira apresentação no Palco da Diversidade o que o Festival Internacional de Folclore proporciona a todos que dele participam. “Posso garantir que nunca havia sentido nada parecido. Essa experiência foi muito emocionante para mim. Por muito tempo me perguntei o que havia de tão especial nesse festival, o motivo dele ser tão esperado e importante para quem faz parte dele. Hoje eu compreendo isso, dançar naquele palco foi uma experiência única, e pude sentir com a vibração do público”, disse Boone, escolhido como patrono da Feira do Livro de Nova Petrópolis deste ano.

         Assim como foi para André, o espetáculo “A Dança do Coração”, também foi singular para quem teve o privilégio de presenciar a apresentação na Rua Coberta. Esse sentimento coletivo foi manifestado de forma natural e despretensiosa pelo público, que se pôs de pé por diversas vezes para bater palmas, em meio a sorrisos, lágrimas e gritos carregados de puro entusiasmo. Tais reações foram provocadas por uma sequência de coreografias desafiadoras, questionadoras e inovadoras. O Edelstein convidou o público a descobrir como seria dançar o folclore alemão sem a visão, a audição e com limitações físicas, além de mostrar que há espaço para as mulheres em danças tradicionalmente masculinas.

         O desafio, proposto pela 2ª Princesa do Folclore Alemão e integrante do Edelstein, Luana Heck, foi aceito e os espectadores fecharam os olhos, por alguns instantes, para acompanhar os passos dos integrantes do Edelstein, que vendaram os olhos para bailar com seus integrantes deficientes visuais. Logo depois, os olhares do público se voltaram para acompanhar os movimentos que o pintor Jeferson Hoffmann, vítima de uma meningite que comprometeu a coordenação motora de seus braços e pernas, fazia com um pincel em sua boca, acertando os últimos detalhes de uma pintura feita como forma de agradecimento ao Edelstein. O processo de criação do quadro pintado por Jeferson, bem como, depoimentos de integrantes e a rotina de ensaios do Edelstein, foram exibidos no telão montado na Rua Coberta, tornando ainda mais imersiva a apresentação.

Sentados em suas cadeiras, a plateia pode compartilhar a sensação vivida pela 2ª Princesa Luana e pela graduada em dança Roberta Spader, de 33 anos, que tem os movimentos das pernas limitados por conta de uma má formação congênita na coluna. Ambas deslizaram em suas cadeiras de rodas no Palco da Diversidade, em harmonia com os integrantes do grupo de danças folclóricas de Nova Petrópolis. Na sequência da apresentação, todos os presentes foram privados de alguns trechos da música que era dançada por folcloristas surdos, era o Edelstein criando a atmosfera de um mundo desprovido de som, mas, provando que é possível dançar seguindo o ritmo do coração.

A participação das mulheres do grupo na dança Jodel Jump, executada tradicionalmente apenas por homens, deixou bem claro que a diferença de gêneros também merece atenção quando o assunto é inclusão. O Edelstein também festejou o folclore alemão ao lado de convidados com síndrome de down, que ditavam os movimentos da dança com a desenvoltura e originalidade, criando uma coreografia na qual a técnica e o sincronismo, característicos das danças germânicas, foram praticamente deixados em segundo plano, cedendo lugar à simples felicidade de dançar.

O clima de festa e descontração marcou o final da apresentação, quando o Edelstein surgiu numeroso no palco, com todos seus integrantes e convidados especiais dançando juntos, cada um à sua maneira, a última e contagiante música da apresentação. Era o momento da despedida do grupo, que distribuiu corações ornamentais ao público, como forma de agradecimento às manifestações incondicionais e unânimes de admiração e aprovação. Nenhum integrante do Edelstein poderia imaginar, mas, o carinho e reconhecimento do público não ficariam restritos àquele momento. Imediatamente após o grupo deixar o Palco da Diversidade, inúmeras pessoas deixaram a plateia e se dirigiram aos camarins para agradecer e parabenizar o grupo.

A integrante do Edelstein e idealizadora do espetáculo “A Dança do Coração”, Bruna Fassbinder, de 24 anos, literalmente realizou um sonho ao levar a apresentação para o palco do Festival Internacional de Folclore. “Tive um sonho no qual uma pessoa cega dançava. Essa foi a real inspiração para essa apresentação. Levei essa ideia da inclusão para o grupo e ela foi crescendo até se transformar nesse espetáculo. Foram meses de ensaio e convivência com essas pessoas maravilhosas que me ensinaram muito. Estou muito feliz com o resultado final e sinceramente espero que a inclusão seja abraçada por mais grupos de danças e por manifestações culturais em geral”, destacou Bruna, que participa do grupo há 12 anos.

A declaração de Bruna, feita em meio à abraços e felicitações do público, familiares dos integrantes, participantes de outros grupos e componentes da organização do Festival, representou um pouco do sentimento de cada folclorista do Edelstein, que também recebiam o afeto e agradecimento dos presentes. Os 11 protagonistas do espetáculo da inclusão não se cansavam de relatar a extraordinária experiência que haviam acabado de viver. Por diversas vezes eles disseram que querem continuar dançando e desejam retornar ao palco do Festival Internacional de Folclore.

O secretário municipal adjunto de Educação, Cultura e Desporto e coordenador do 47º Festival Internacional de Folclore, Paulo Cesar Soares, destacou que o festival desse ano avançou na questão inclusiva.  “O festival deste ano entrará para história pelos diversos exemplos de preocupação que um ser humano tem com o outro. A arte sempre será a maior escola de inclusão que as pessoas podem ter. Um grande exemplo disso foi a apresentação do Edelstein, que assisti atendendo aos pedidos da Bruna, integrante do grupo. O que vi naquele palco não foi uma coreografia, mas, sim, uma lição de vida oferecida por um Festival Internacional de Folclore repleto de diversidade”.

O 47º Festival Internacional de Folclore foi uma realização da Associação dos Grupos de Danças Folclóricas Alemãs (AGDFA-NP) e Prefeitura de Nova Petrópolis. O Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis integra o calendário anual da IOV – Organização Internacional de Folclore e Artes Populares e o calendário de eventos oficiais do Rio Grande do Sul. Patrocinadores: Cooperativa Piá, Dakota, Sicredi, Coopershoes, Banrisul, Companhia Riograndense de Saneamento - Corsan, Suibom, Casa Cooperativa, Mercados Brombatti, Cervejaria Edelbrau e Rota Romântica. Apoiadores: PD Eventos, Hotel Jardins da Colina e Imobrás. Financiamento: Pró-Cultura RS – Lei de Incentivo e Fundo, Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Para mais notícias do 47º Festival Internacional de Folclore Nova Petrópolis acesse os sites: www.festivalinternacionaldefolclore.com.br e o oficial do Município, www.novapetropolis.rs.gov.br. Nas páginas oficiais do facebook do Festival Internacional de Folclore, facebook.com/FestivalInternacionaldeFolclore e da Prefeitura de Nova Petrópolis, facebook.com/novapetropolisrs, você encontra informações, fotos e vídeos do evento. Compartilhe momentos de diversidade utilizando #47FIFNP. Siga o Instagram @prefeituranovapetropolis. Nova Petrópolis integra o Movimento Cidades Educadoras e o Festival Internacional de Folclore faz parte deste projeto.